Endometriose: Não é uma simples cólica
- André Prado
- 12 de mai. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de fev.
A endometriose é uma condição menstrual na qual a parede que reveste o útero invade outros órgãos da região pélvica e não se descola na menstruação.

Mas como assim?
Siga esse texto que você irá entender tudo sobre essa doença que pode acometer todas as mulheres em ciclo menstrual regular, mas que com o devido acompanhamento médico de seu ginecologista, há tratamento.
O que causa a endometriose?
Todos os meses a parede do útero (endométrio) fica mais espesso para que o óvulo grude e seja fecundado. Em outras palavras, é como se o útero todos os meses desenvolvesse uma cola (células) que se descama na hora da menstruação.
Contudo, quando essas células (cola) ficam tão espessas a ponto de ultrapassar a parede do útero - invadindo outros órgãos da pelve, como ovários ou bexiga - ou migram no sentido oposto, chegando à cavidade abdominal, acabam provocando a endometriose.
Posso ter a endometriose?
Sim, a endometriose pode atingir todas as mulheres em período fértil, portanto, de 13 a 45 anos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), entre 10% a 15% das mulheres podem desenvolvê-la e há cerca de 30% de chance que fiquem estéreis.
Quais os sintomas da endometriose?
Cólicas menstruais intensas;
Tonturas e dores de cabeça durante a menstruação;
Sangramento irregular;
Dores durante as relações sexuais;
Dores fortes na região pélvica;
Inchaço abdominal;
Fadiga crônica e exaustão;
Dificuldade para engravidar e até infertilidade.
Além dos sintomas descritos acima, as mulheres que sofrem com a endometriose, têm maiores riscos de desenvolver câncer de ovário, já que os sinais suspeitos são correlacionados, como: um abdômen mais cheio (retenção de líquidos), intestino preso e dificuldades em urinar.
E em cada órgão que ela invade, há dores específicas:
Pulmão: tosse com sangue
Bexiga: dor ao urinar
Intestino: dor ao evacuar
Ciático: dores na lombar e no músculo posterior das coxas
Diafragma: dores no ombro direito e pescoço
A endometriose tem cura?
A endometriose é uma condição crônica e que não tem cura.
Ela é um grande desafio aos ginecologistas por não ter uma causa exata, além de se manifestar de formas diferentes em cada mulher.
A endometriose provoca queda na qualidade de vida!
Sendo uma importante causa na dor pélvica em adolescentes, a endometriose é uma doença progressiva que diminui as chances das mulheres, já nessa idade, de terem uma melhor qualidade de vida devido às dores e incômodos provocados em todo ciclo menstrual.
Por ser muitas vezes confundida como uma forte dor natural na vida da mulher (muitas vezes até dita por ginecologistas e clínicos gerais), consequentemente o diagnóstico acaba ficando cada vez mais tardio e mais grave.
Por isso é indispensável consultas regulares ao ginecologista, pois quanto mais cedo a doença for descoberta, maior a chance de um tratamento.
A endometriose de difícil diagnóstico?
Sim, a doença ainda é difícil de se diagnosticar por meio de exame físico, ou seja, durante a consulta ginecológica de rotina. Assim sendo mais adequado o constante relato da paciente que poderá a levar a exames de imagem mais detalhados.
A endometriose não tem consenso das suas causas na comunidade médica, como o uso de determinados medicamentos, compostos químicos ou hábitos como consumir cafeína e álcool em doses mais exageradas possam aumentar as chances da doença se manifestar.
Assim, sendo difícil falar em prevenção.
Contudo, há algumas hipóteses levantadas pela comunidade médica que podem ajudar no diagnóstico:
Crescimento de células embrionárias;
Sistema imunológico deficiente;
Cirurgias passadas, como histerectomia ou cesariana, que fazem com que as células nasçam no lugar errado.
Um fator de risco pode ser genético de acordo com o Dr. Dráuzio Varella. Uma mulher cuja mãe ou irmã tem endometriose, apresenta seis vezes mais probabilidade de desenvolver endometriose.
Quais são os exames que identificam a endometriose?
São simples, mas requerem um acompanhamento médico constante. Eles podem ser invasivos ou não, dependendo sempre do nível de gravidade (são três tipos de classificação) e necessidades da paciente:
Abaixo cada exame está listado com a sua devida descrição:
Ultrassonografia transvaginal
De menor custo, o exame permite a identificação de endometriomas (cistos) e aderências pélvicas, algo como cicatrizes que se formam entre os órgãos da região.
Ressonância magnética
Exame mais caro, mas que apresenta maior precisão na avaliação de casos mais graves.
Laparoscopia
Permite tanto o diagnóstico como o tratamento da paciente.
Conta com pequenas incisões na região da barriga e de instrumentos de visualização. É recomendado após o término da fase de avaliação e tem menor tempo de internação, anestesia e recuperação.
Laparatomia
É o procedimento tradicional e mais invasivo em comparação a Laparoscopia, indicada dependendo das necessidades da paciente.
A endometriose tem tratamento?
Por ser uma doença crônica e acometer mulheres em período menstrual, após a menopausa, a dor diminui gradualmente.
Então para mulheres que ainda estão dentro desse período, o recomendado é se valer de medicamentos que inibem a menstruação.
O grande inconveniente são os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos anticoncepcionais tomados sem intervalos.
Para casos mais graves, é recomendada a remoção do útero. O que pode ser uma boa alternativa se a mulher já tiver tido os filhos que desejava.
Recomendações contra a endometriose
Se você chegou até aqui entendeu que a endometriose é uma doença comum, benigna e progressiva que pode acontecer a toda mulher que tem seu ciclo reprodutivo normal, mas que acaba sendo confundida apenas como uma forte cólica corriqueira do período menstrual.
Sentindo dores acima do normal, vá ao médico. Ele provavelmente fará uma série de perguntas como:
Seus sintomas estão vinculados ao período menstrual?
Onde exatamente as dores estão localizadas?
Quão intensas são as dores?
Alguma coisa piora ou melhora seus sintomas?
Sendo assim, vale o velho conselho que se aplica a diversas outras doenças. Além das atividades físicas, observe sintomas ou alterações no seu corpo e atividade menstrual, e claro, leve suas dúvidas ao seu ginecologista regularmente.
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